quarta-feira, 15 de maio de 2019

AGRONEGÓCIO E O MILHO BT

https://boaspraticasagronomicas.com.br/culturas-bt/milho-bt/

Milho Bt
Conheça essa tecnologia indispensável
O milho Bt garante alta produtividade e ótimo retorno financeiro ao produtor. A tecnologia possui a característica de resistência a insetos que minimiza os danos causados por essas pragas nas lavouras. O resultado disso são benefícios diretos aos produtores. Por meio da biotecnologia, a composição genética das plantas de milho é modificada para aumentar sua eficiência.Neste conteúdo você vai encontrar tudo sobre o milho Bt e seus benefícios, informações sobre seu cultivo, manejo e sobre como essa tecnologia ajuda no aumento da produtividade da lavoura.
O milho Bt é o milho que recebeu genes da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). A planta geneticamente modificada que possui essa característica expressa proteínas inseticidas a determinados grupos de insetos, a exemplo da ordem Lepidóptera, da qual fazem parte a lagarta-do-cartucho-do-milho, a broca-do-colmo, a lagarta-da-espiga e a lagarta-elasmo. Há também proteínas que atuam no controle das ordens Coleoptera (besouros) e Diptera (moscas).
Diversos estudos comprovam que as proteínas Bt são eficientes no controle de pragas-alvo e não possuem qualquer efeito nocivo a outros organismos (a exemplo dos animais e seres humanos) ou ao meio ambiente. A comercialização do milho Bt no Brasil foi primeiramente aprovada em 2007 pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
Principal praga do milho Bt
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é a principal praga que ataca a lavoura de milho. As perdas devido ao ataque dessa lagarta podem reduzir a produção em até 34%. As larvas do inseto raspam as folhas, podendo causar furos de formatos e tamanhos variados. Quando há grandes infestações, pode ocorrer a queda da planta.

A continuação do artigo com mais informações e ilustrações acessar o link descrito abaixo:





quarta-feira, 10 de abril de 2019

RECUPERAÇÃO 1º BI TERCEIROS 2019 KOPKE

Recuperação 1º bimestre /2019 para os terceiros do KOPKE

REINOS MONERA, PROTOCTISTA E FUNGI

Consulta ao livro didático volume 2 Azul/ internet se desejar.

INFORMAÇÕES

  • Responder em papel almaço preferencialmente.A CAPA deve conter todos os dados de indentificação da escola e aluno,
  • Imprescindível especificar o título ou tema na capa bem visível.
  • Toda recuperação é individual e textos manuscritos com caneta azul ou preta.
PÚBLICO: Alunos que perderam as aulas por falta ou  tenham interesse em recuperar a nota por não realizar as tarefas diárias.

QUESTÕES DISCURSIVAS

1. Utilizando o sistema de classificação taxonômica,relacione a classificação do cão doméstico pág 11.
2. Para que servem os cladogramas,dê um exemplo dos grupos das plantas. pag 15
3. Cite de duas a três características presente nos reinos MONERA, PROTOCTISTA,FUNGI, PLANTAE E ANIMALIA e um exemplo de seres vivos em cada grupo.pág 16 e 17
4. O que são vírus? como são formados e por que são considerados parasitas obrigatórios?pág 17
5.Sobre a nutrição das bactérias, dê 2 características e  exemplos  de bactérias autótrofas e e hetrótrofas. pág 24 e 25
6.Explique a reprodução das bactérias por cissiparidade, conjugação e esporos. pág 25
7 . CAPÍTULO 3- DO REINO PROTOCTISTA. Identifique os tipos de algas e consequências  de sua proliferação .A maré vermelha trazem  consequências por EUTROFIZAÇÃO, quais são elas?pág 29
8. Ilustre o protozoário Paramécio e sua estruturas, responda como eles se reproduzem na pág 32.
9. O REINO FUNGI CAP 4.são classificados em ZIGOMICETOS, BASIDIOMICETOS E ASCOMICETOS. Dê exemplos destes tipos de fungos e identifique-os, descreva 2 aspectos da morfologia em cada grupo,na pág 39,40 e 41
10.O que são líquens? Por que são chamados pioneiros? pag 41.


sábado, 9 de fevereiro de 2019

Tragédia em Brumadinho


Uma semana após tragédia em Brumadinho, consequências ainda são incalculáveis.

Prisões, multas, indenizações e descomissionamento de barragens foram anunciadas, mas medidas não reparam traumas e danos causados pelo desastre socioambiental. Mortes confirmadas chegam a 110 e área atingida pela lama é de 270 hectares.
Sexta-feira, 1 Fevereiro Por Gabriel de Sá
Uma semana após a tragédia socioambiental que atingiu Brumadinho (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, o pesadelo causado pelo rompimento da Barragem um da Mina do Córrego do Feijão, operada pela Vale, parece estar longe do fim. Pelo menos 110 pessoas foram mortas e cerca de 240 continuam desaparecidas após serem atingidas pelo mar de lama composta de rejeito de minérios.
Diante da quantidade de desaparecidos, formada por membros da comunidade local e funcionários da Vale, o número de vítimas fatais deve aumentar ainda mais nos próximos dias.
O impacto ambiental do rompimento de sexta-feira (25/01) ainda é imensurável, mas, segundo informou em nota o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), os 12 milhões de m³ de lama vazados da barragem destruíram cerca de 270 hectares e inviabilizaram o consumo de água do Rio Paraopeba. “Os rejeitos devastaram 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de Áreas de Proteção Permanente (APP) ao longo de cursos d'água afetados pelos rejeitos de mineração”, diz a nota.

Mapa mostra a área (em rosa) de 270 hectares atingida pelos 12 milhões de m³ de lama vazados da barragem em Brumadinho.

Nos últimos dias, foram tomadas medidas como a detenção de funcionários da empresa, multas ambientais, avisa de indenizações às famílias das vítimas e o anúncio de que as barragens de rejeitos de minério do tipo que se rompeu serão descomissionadas, mas legistas e ambientalistas ouvidos pela National Geographic acreditam que, diante da incalculável tragédia socioambiental, será difícil amenizar o trauma e os danos causados pelo desastre.
 “O dano ambiental é irreparável e irreversível”, avalia o professor de Direito Ambiental da Universidade de Brasília (UnB) Mamede Said Filho. “Não se pode restaurar por completo um ecossistema afetado, sem falar nas vidas que foram perdidas”, observa. Para o professor, medidas preventivas têm de estar na base dos empreendimentos do setor de mineração, pois, uma vez que desastres assim ocorrem, é impossível reparar os transtornos humanos e ambientais decorrentes deles.
“Como refazer aquilo que a natureza levou milhares de anos para arquitetar?”, questiona Filho, que diz não ter a resposta, mas acha imprescindível que a Vale e o governo trabalhem arduamente para tentar reparar os ecossistemas atingidos pelos rejeitos. “No caso de Brumadinho, isso vai levar décadas, mas é fundamental que essa recomposição in natura seja feita”. VER GALERIA
A tragédia de Brumadinho ocorre pouco mais de três anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Naquela ocasião, o vazamento da lama tóxica matou 19 pessoas, deixou milhares de desabrigados, destruiu comunidades e atingiu o Rio Doce, percorrendo 650 km entre Minas Gerais e Espírito Santo até desaguar no mar. A barragem era de propriedade da Samarco, empresa controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. Ninguém foi preso por conta do desastre. 
Histórico de pagamento de multas é preocupante
O IBAMA informou, também por meio de nota, que multou a Vale em R$ 250 milhões — cinco autos de infração no valor de R$ 50 milhões cada. Segundo o órgão, autos foram aplicados com base em artigos do Decreto 6514/2018 e referem-se a: (1) poluição que pode resultar em danos à saúde humana, (2) tornar a área imprópria para a ocupação humana, (3) poluição hídrica que possa interromper o abastecimento de água, (4) morte de espécimes a biodiversidade e (5) lançar rejeitos de mineração em recursos hídricos. Ainda segundo o IBAMA, R$ 50 milhões é o valor máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais.
O valor das multas, contudo, é controverso. “Parece-me ínfimo, diante de todo o prejuízo ambiental e das vidas perdidas”, diz Leonardo Ivo, diretor da Associação dos Observadores do Meio Ambiente de Minas Gerais, responsável pelo observatório Lei. A. “Não me parece um valor adequado e não houve sequer tempo de calcular prejuízo”, completa o ambientalista.
Para Mamede Said Filho, é muito difícil mensurar qual deve ser o ressarcimento pelos danos ambientais, patrimoniais e morais em um caso como esse. “As pessoas nasceram naquelas terras, cresceram e tiravam seu sustento dali — como calcular um valor para ressarcir tamanha perda?”, indaga-o.
A razão das críticas toma por base, também, as multas recebidas pela Samarco após o desastre de Mariana. Reportagem da Folha de S. Paulo mostra que, mais de três anos após o rompimento da barragem de Fundão, menos de 6% das multas ambientais foram pagas pela empresa. A Folha apurou que a Samarco foi multada 56 vezes pelo IBAMA e pela Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad), no valor de R$ 610 milhões, dos quais apenas 5,6% foram quitados, referentes a uma parte de uma única multa da Semad.
Em nota, o IBAMA informou que os autos de infração lavrados contra a Samarco após o rompimento em Mariana totalizam R$ 350,7 milhões, instaurados por 25 processos, além de 73 notificações que visam à adoção de medidas de regularização e correção de conduta. Contudo, a Samarco teria recorrido de todos os processos. “A Samarco apresentou recursos contra todos os autos de infração lavrados pelo IBAMA. Apesar de os autos terem sido confirmados, a Samarco insiste em recorrer das decisões administrativas, buscando afastar sua responsabilidade pelo desastre. Nenhuma das multas ambientais foi paga até o momento”, diz o IBAMA na nota. 

Outra reportagem da Folha de S. Paulo registra ainda que, sem contar com as tragédias de Brumadinho e Mariana, a Vale acumula ações ambientais não pagas no valor de R$ 8 bilhões. Diante disso, é compreensível que o pagamento das multas pela tragédia de Brumadinho cause desconfiança. “Pode aplicar o valor que for a multas, isso não vão ser recolhido. É brincadeira”, analisa José Cláudio Junqueira, professor de avaliação de impacto ambiental da Escola Superior Dom Helder Câmara, em Belo Horizonte. “A multa é muito pequena para o porte dessas empresas, e é inadmissível que elas fiquem recorrendo, em vez que reconhecer o tamanho do desastre que causaram”, avalia Mamede Said Filho.
Funcionários foram detidos
Na terça (29/01), foram presos em Minas Gerais e São Paulo três engenheiros e dois funcionários da Vale que atestaram a segurança da barragem de Brumadinho. Os engenheiros pertencem à empresa TÜV SÜD Brasil, que presta serviço para a mineradora. Segundo noticiou o G1, investigadores do Ministério Públicos apuram se os documentos técnicos que atestam a segurança da barragem podem ter sido fraudados. José Cláudio Junqueira considera as prisões um “bom exemplo”, mas acredita que é necessário apurar mais a fundo quem são os responsáveis pelo rompimento para puni-los rigorosamente.
“O dano ambiental é irreparável e irreversível. Como refazer aquilo que a natureza levou milhares de anos para arquitetar?”
POR MAMEDE SAID FILHO- PROFESSOR DE DIREITO AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A Vale também anunciou à imprensa que irá oferecer uma de doação de R$ 100 mil para cada uma das famílias das vítimas fatais e não localizadas, “independentemente de serem ou não empregados da Vale”. Segundo a empresa, as doações não se referem às indenizações que virão posteriormente, que serão acordadas com as autoridades.
Em termos comparativos, José Cláudio Junqueira acompanha o caso das vítimas de Mariana e diz que até hoje as famílias não foram indenizadas pelas perdas, e diz não acreditar que o pagamento ocorra nos próximos anos. Em maio de 2018, reportagem da National Geographic mostrou a situação dos sobreviventes do desastre de Mariana e a insatisfação de parte deles com a falta de resolução das questões fundamentais relativas à tragédia.
Na mesma reportagem, a Fundação Renova entidade criada para tratar da reparação e da compensação dos problemas sociais e ambientais decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, informou que cerca de 20 mil pessoas estavam sendo assistidas pelos auxílios financeiros da entidade e que R$ 3,6 bilhões haviam sido destinados para as ações.

Mineração responsável 

A barragem rompida da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, utilizava um método chamado de alteamento a montante, o mesmo da Barragem de Fundão, em Mariana. Neste processo, a empresa utiliza os próprios rejeitos para erguer o barramento para cima, em degraus. Especialistas disseram à National Geographic que essa tecnologia deveria ser banida do setor de mineração no Brasil.
“O tratamento dos rejeitos deve ser feito a seco, com o aproveitamento dos resíduos. A gente precisa da mineração, mas da mineração responsável.”
Essa técnica é ultrapassada e obsoleta, empregada apenas em países em desenvolvimento. Ela não é segura para a população, mas é a mais barata. Como as empresas visam ao lucro, elas acabam dominando, a despeito do alto risco para a população e o meio ambiente”, opinou a antropóloga Andréa Zhouri, coordenadora do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (Gesta/UFMG), em reportagem publicada em 28/01.
Em nota enviada à imprensa na terça (29/01), a Vale anunciou o descomissionamento de todas as barragens da empresa que utilizam o método de alteamento a montante. Segundo o texto, a empresa possui dez barragens deste tipo, sendo que, segundo a empresa, todas estão inativas. O custo da mudança está avaliado em R$ 5 bilhões e o descomissionamento ocorrerá ao longo dos próximos três anos.
José Cláudio Junqueira explica que o descomissionamento de uma barragem é o processo no qual a estrutura é restabelecida no território, tal qual se faz, por exemplo, com um aterro sanitário. Junqueira explica que o processo é extremamente complexo e deve contar com uma série de estudos ambientais, estudos de impacto, consultas públicas e discussão com a população e órgãos ambientais. “O que vai ser feitos com essas áreas? Para onde vão os rejeitos?”, observa o professor, mencionando que existem barragens de rejeitos de até 300 milhões de m² em Minas Gerais. O exemplo de comparação, a de Brumadinho tinha 12 milhões de m².
Para José Cláudio Junqueira, também ex-presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam), não se pode mais admitir o tratamento de rejeitos de minério a úmido. “Daqui para frente, não se constrói nem se amplia mais barragens desse tipo”, torce ele. “O próximo passo é ter um melhor um acompanhamento e descomissionar as que já existem: cerca de 400 em Minas Gerais”, contabiliza.
Ao olhar para o futuro, Leonardo Ivo pondera que, primeiramente, as barragens de rejeito têm de serem banidas, sobretudo as que utilizam o método de alteamento a montante.  “O tratamento dos rejeitos deve ser feito a seco, com o aproveitamento dos resíduos”, opina. Além disso, é impensável, para ele, que comunidades estejam instaladas abaixo das barragens, correndo o risco de serem atingidas. “A gente precisa da mineração, mas da mineração responsável”.

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente



Desastre em Brumadinho traz risco de possíveis doenças


Contaminações em Brumadinho podem ocorrer por contato direto, consumo de água e até pelo ar, expondo moradores a série de enfermidades

Potencialmente rico em metais pesados perigosos à saúde, o mar de lama proveniente do rompimento de uma barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro, já começa a oferecer riscos à saúde dos moradores na região.
Rejeitos de mineração são resultado do processo de separar o minério de ferro bruto de impurezas sem valor. É essa sobra que contém restos de minério, sílica e derivados de amônia.
A Vale afirma que a lama não é tóxica. Mas especialistas garantem que há danos ambientais graves, como a contaminação do solo e da água por minério fino proveniente da sobra dos rejeitos.
A extensão do impacto ainda é difícil de ser medida. As primeiras medições, feitas no último domingo (03/05) pela Fundação SOS Mata Atlântica, surpreenderam:  desde o “marco zero” da tragédia, em Brumadinho, até a hidrelétrica de Três Marias, em Felixlândia, o rio Paraopeba pode ser considerado morto.
“Mesmo os que não tiveram contato com a lama poderão se contaminar por meio do consumo de água que esteve em contato com a lama e, ainda, pela inalação da poeira gerada pela grande área exposta com essa lama”, adverte Claudia Carvalhinho Windmoller, química da Universidade Federal de Minas Gerais que coordenou uma das primeiras pesquisas sobre a contaminação o desastre de Mariana.
A composição dos rejeitos ainda não foi divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, que estuda amostras do rejeito vazado. Mas, segundo Windmoller, a lama de Brumadinho deve ser semelhante à que inundou o distrito de Bento Rodrigues em 2015.
“Estamos falando de uma lama possivelmente fonte de metais como ferro, alumínio e manganês em quantidades muito grandes, além de metais mais tóxicos, em menor quantidade, como cromo, chumbo, arsênio e níquel”, explica a química.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais orientou a população a não consumir alimentos que tiveram contato com a lama, nem mesmo os que estavam embalados e enlatados, e não ingerir água ou comer peixes do rio Paraopeba, assim como não nadar ou pescar no rio.
O texto também esclarece que quem apresentar sintomas como vômitos, coceira, tontura e diarreia após entrar em contato com a lama ou com alimentos contaminados deve procurar uma unidade de saúde imediatamente.
“É preciso lembrar também que os animais da região possivelmente foram contaminados e ajudarão que as doenças se espalhem para a população”, completa Windmoller.
A Fundação Oswaldo Cruz diz haver a possibilidade imediata, em Brumadinho, de surtos de doenças infecciosas, como dengue, febre amarela e esquistossomose, assim como mudanças no bioma e agravamento de problemas crônicos de saúde, como hipertensão, diabetes e doenças mentais, como depressão e ansiedade.
PRIMEIRAS MEDIÇÕES CONSTATARAM MORTE DE 120 KM DO RIO PARAOPEBA


Possíveis enfermidades
Se confirmadas as semelhanças entre os rejeitos das barragens de Fundão e do Córrego do Feijão, Windmoller diz já ser possível prever as doenças que devem acometer a região de Brumadinho, uma vez que existem muitos estudos sobre os atingidos em Mariana.
Com base nesse e outros estudos que vêm sendo desenvolvidos desde 2016, espera-se, para este momento, riscos de doenças de pele, infecções, febre amarela, dengue e leishmaniose.
O maior risco à saúde da população de Brumadinho, contudo, poderá não ser percebido agora, mas com o tempo: a exposição prolongada a metais pesados leva a uma acumulação desses elementos no organismo dos seres vivos.
“A ingestão contínua de água ou alimentos contaminados com os metais pesados, assim como a irrigação do solo com água do rio Paraopeba, levará a uma exposição prolongada, o que provocará várias doenças, entre elas neurológicas e câncer”, adverte Windmoller. “O mesmo pode acontecer no caso da inalação da poeira por tempos prolongados.”
Contaminações por metais pesados podem levar ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de pele e o pulmonar. O arsênio, por exemplo, é capaz de atingir os sistemas respiratório, cardiovascular e nervoso, levando ao desenvolvimento de tosse crônica e até insuficiência pulmonar.
O chumbo pode afetar funções da memória e do aprendizado, ocasionando tremor muscular, alucinações e perda da capacidade de concentração. Já o mercúrio se acumula, principalmente, nos sistemas digestivo e reprodutor, levando a perdas das funções nesses sistemas.
Sobre doenças autoimunes, a contaminação por metais pesados pode estar relacionada com a esclerose múltipla. No que diz respeito a doenças neurológicas, a ingestão prolongada por alumínio, por exemplo, pode levar ao desenvolvimento de Alzheimer.
Em 2016, o Instituto Saúde e Sustentabilidade realizou uma pesquisa chamada “Avaliação dos riscos em saúde da população afetada pelo desastre de Mariana”.
Resultados mostraram que 60% das crianças de até 13 anos da região atingida pela barragem de Fundão, da Samarco, apresentavam alergias de pele e doenças respiratórias. Entre os adultos, os problemas respiratórios foram relatados em 40% dos entrevistados.
Também foram registrados transtornos mentais e comportamentais (11%), doenças infecciosas (6,8%) e doenças de olho (6,3%). Entre os sintomas relatados, os mais comuns foram ansiedade e dor de cabeça.
Segundo um relatório do Ibama de 2015, as áreas afetadas pelo desastre de Mariana estavam mais propensas à reprodução de vetores de doenças como dengue, chikungunya, zika vírus, esquistossomose, chagas, leishmaniose e problemas com animais peçonhentos.
De fato, dois meses após o rompimento da barragem, localidades próximas apresentaram surtos de dengue. No distrito de Barra Longa, a 60 quilômetros do local do acidente, casos de dengue aumentaram em 3.000% um ano e meio após o desastre em Mariana.

Desde 2017, o governo federal passou a admitir que o rompimento da barragem da Samarco em 2015 pode ter relação com o surto de febre amarela vivido pelo sudeste brasileiro entre 2016 e 2018, que deixou pelo menos 650 mortos no período.
A barragem da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, rompeu em pleno verão, época de maior risco de transmissão de febre amarela, chikungunya, zika vírus e dengue.
“Minha maior preocupação em Brumadinho, no que diz respeito às doenças infecciosas, é com a dengue, principalmente nesse período do ano, com as chuvas. A água não pode se acumular e ficar parada ali, em garrafas, tampinhas, demais lixo e casas abandonadas. A situação se agrava porque não terá como fazermos a profilaxia da dengue – a que fazemos nos quintais das casas – naquela lama contaminada”, comenta o vice-presidente regional da Sociedade Brasileira de Imunizações, em Minas Gerais, José Geraldo Leite Ribeiro.
Na tentativa de minimizar os efeitos a longo prazo, será preciso retirar os rejeitos vazados na região para evitar a exposição continuada, seja pela contaminação do solo, das águas ou por meio na inalação da poeira, afirma, por sua vez, Windmoller.
“As autoridades devem cobrar dos responsáveis pelo desastre a retirada da lama, pelo menos de locais estratégicos que podem impactar mais a saúde humana e o meio ambiente”, apela a professora da UFMG.
Segundo ela, outra medida essencial, tanto para a população quanto para o meio ambiente, é a realização de monitoramentos periódicos.